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JUAN VALERA
Publicado em 28 de fevereiro de 2021
Uma série sobre mentirosos, honestos e enganados
Em quem se deve acreditar
Bateram na porta.
O próprio tio Pedro foi abrir a porta e deu de
cara com seu compadre Vicentico.
- Bom dia, compadre. Que bom vento
traz você aqui? O que é o que você precisa?
- Bem, nada ... confio na nossa amizade...e espero...
- A verdade é que eu já podei as
oliveiras, tenho no meu olival pelo menos cinco cargas de lenha que quero levar
para casa e venho pedir seu burro emprestado.
- Pois não. Pode falar, compadre.
- ¡ Sinto muito, compadre ! Parece obra do demônio.
Que coincidência maldita! Esta manhã meu menino foi para Córdoba, de cavalheiro sobre o burro. Se não fosse por isso, você poderia contar com o burro como se fosse seu.
Mas que diabos, o burro já deve se encontrar a, pelo menos, quatro léguas daqui.
O velhaco do burro, que estava
no estábulo, começou a zurrar com grande vigor.
Quem fez o pedido disse com raiva:
- Não acreditei, tio Pedro, que
fosse tão mesquinho, e que para não me prestar este pequeno serviço, estivesse a
enganar-me. O burro está em casa.
- Ei você, respondeu o tio Pedro.
Quem deveria ficar com raiva aqui sou eu.