Miguel_Mulher_C - Pausas e vírgulas

Pausas e vírgulas
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Pausas e vírgulas
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LITERATURA > Cartas
18/07/2022
Miguel Angel Pereyra
Um portoalegrense argentino escrevendo cartas

* * * * * *
Como as vezes anteriores vou escrever um conto que na realidade não é tal.
Digamos que foi um conto com final de carta, já que tem um pedido especial.
m
Mulher
Numa dessas tranqüilas tardes de outono pelas ruas de Porto Alegre
passei, casualmente, frente a uma das tantas construções que existem nessa cidade.


 
Havia nela várias jovens, bem alegres.
Todas elas vestidas de macacão azul, capacete amarelo e botinas pretas.
Uma delas passou por mm, abriu um lindo sorriso,

e continuou seu rumo,
que não era outro que cavar uma vala. E o que ela levava nas suas mãos era uma pá,
isto é a ferramenta necessária para realizar a tarefa.

Ela e as outras moças eram operárias da construção citada.
Bem arrumadas, eram um toque de vaidade e beleza num ambiente até faz pouco tempo,
de exclusivo domínio “masculino”.
O “tal” ambiente masculino imperante, carecia de ...maciez?
Tinha que ser rude, já que em última instância havia que “carregar pedras”,
e esse não é um trabalho nem leve nem macio.
 Carregando pedras, trabalho rude sim, se fazem prédios de grande beleza.
E não é somente com o projeto, que é sem dúvidas o “inspirador”,
mas com os operários que o materializam.
Ambiente tosco com resultados de uma polidez e beleza que não condizem.

Sendo os resultados ótimos, os processos não devem ser mudados.
Só acrescentar novas técnicas.

Mas, e o ambiente...?
A participação feminina tem contribuído a uma radical mudança.
A presença da mulher já impõe uma barreira de respeito e cuidados,
os que não foram aprendidos nas obras e sim no lar de cada um.

Uma só profissional já tem efeito instantâneo e positivo.
A linguagem mudou. Não é mais grossa por assim defini-lá.
Já não têm palavrões. E se os há, não são ditos em alta voz.
 
A indumentária também se modificou.

Ninguém quer fazer “feio”.
 
Os lugares passaram a ser mais organizados e arrumados,
mas não somente entendidos como “a ordem de obra”,
mas com um toque de sensibilidade que pode dar,

por exemplo, uma flor no refeitório.
 
E quem não gosta?
Alguém pode ser tosco, mas a sensibilidade está.
Na flor da pele ou abaixo dela.
Sempre está.
 
E se a mudança é instantânea com a presença feminina,
significa que era diferente por desobediência ou desrespeito aos ensinamentos
das mães, avós, tias e professoras.
 
Lembro-me da minha infância, minha mãe como esteio da emoção do lar
A formação espiritual, aquela ligada ao coração e que norteia a classe de seres humanos que queremos ser,
era fundamentalmente da mãe.
Nós sabíamos que ao retornar do colégio ou de nossas brincadeiras,

haveria o refúgio amoroso do seu colo.
Também o beijo da avó e o carinho da tia.

E a participação feminina em todos os ambientes tem sido um bálsamo
que devolve conforto aos lugares que não o tinham ou o haviam perdido.

Contraditoriamente os lares de hoje têm sido prejudicados,
pois já não possuem os cem por cento da presença feminina.

Talvez uma maior participação masculina, digamos que com certa sensibilidade,
e copiada delas, ajude a solucionar em parte essa contradição.
 
 De todas as maneiras, eu lhes peço que não nos abandonem.
Com vocês tudo é mais agradável e belo.

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Tema Musical
Simpatia
Compositor: > Anton Schmoll <
No Piano: Miguel Angel Pereyra

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Pausas e vírgulas

Contato
pausasevirgulas@gmail.com
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