Justo_Sorrento - Pausas e vírgulas

Pausas e vírgulas
Parou?...Parou por quê?
Quem, eu..? Imagina...
Vírgula !
Pausas e vírgulas
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26/05/2021                                                                                                      

Os Diálogos de Justo Lucas
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Voltar à...?...ao...?
Introdução
Este diálogo é atual. O neto, ou melhor dito o “neto-avô”, na primeira referência, neto do personagem principal, e na segunda referência, avô das suas netas com as que vai dialogar.

                      
 
O “neto- avô” tem hoje, uns dez anos a menos que o seu vô tinha na época dos acontecimentos.
O contexto é na década dos 50 do século passado.A família era grande, e nesses anos, os avôs moravam com alguns dos seus filhos. E claro, como consequência com seus netos.
Era o caso da presente história.Na que pai do hoje "neto-avô"  lhe faz um pedido.
Este se tratava de oferecer pra o seu avô, que faria seu aniversário de 85 anos nessa primavera, como presente especial, a interpretação, no piano, da melodia Torna a Surriento.
Como surpresa, isto como o broche de ouro da festa.

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O Relato de
Voltar à...?...ao...?
 

- Eu aceitei, lhe disse às suas netas.
- E não tivestes medo, vô?, perguntam ao uníssono.
- Medo..? medo é apelido...terror define melhor. Mas como os medos são para serem vencidos, encarei a empreitada. Com medo e prazer. Foram três meses de estudos diários.

- Mas vô, não estamos entendendo. Sendo um segredo, teu avô ia ouvir os ensaios.
- Gurias espertas minhas netas...he he he...acontece que tive que ir todos os dias, depois do almoço á casa da minha professora de piano.


 - E que aconteceu na festa, vô? Estamos bem curiosas...
 
- A minha mãe, bisavô de vocês, e uma tia prepararam um bolo gigante. Colocaram 85 velinhas nele...
- Meu Deus, inacreditável...!
 
- Estávamos todos na sala de jantar, era já noite. Meu vô no fundos rodeado por todos, como ele preferia.

- Desligaram as luzes e aparecem minha mãe e a tia segurando um archote, com sua extremidade superior ardendo, e iluminando todo como se dia fosse.

- Vô, eram 85 velinhas acessas sobre um archote? Mas que é isso de archote?
- O archote e um cabo de madeira com  extremidade inflamável, que quando acessa é usado para iluminar.

- Mas vô, e o bolo?
- Ai está minhas queridas. O archote não tinha um cabo de madeira, mas sim um delicioso e imenso bolo de baunilha, chocolate e creme de limão adocicado. Uma delícia.
 
- Ah, já entendimos. Mas, como fizeram para apagar essa fogueira ?
- Entre todos ajudamos, foi bem demorado, mas no final conseguimos. Nesse momento meu pai anunciou que eu tinha um presente para o que solicitava atenção e silêncio.
 
- Colocaram meu vô à minha direita, sentei no banco e comecei a tocar. Depois do segundo acorde ouvi meu avô dizer: Ai, é Torna a Surriento, e ouvi um soluço.
 
- Estava chorando teu vô?
- Sim, devagarinho e com lágrimas, que pela sua expressão, deviam ser bem doces. Uma estrofe da letra canta assim:
 
“E você diz: "Eu parto, adeus!"
Se afasta deste coração.
Para a terra do amor,
tem coragem de não voltar?”
 
- E outra assim lhe responde:
“ Mas não me deixe,
não dê-me este tormento.
Volte a Sorrento!
Deixe-me viver! “
- Como assim vô?
- Sim, minhas queridas netas. Só agora entendi bem as lágrimas dele. Quando passam os anos, todos temos abandonado alguém ou por alguém fomos abandonados.
 
- !! ???
 
- E por isso há, como mínimo, um “Surriento” na vida de cada um de nós.

Ouçam agora a melodia...e sintam o linda que é...
e talvez chorem também.
Com lágrimas bem doces.

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Torna a Surriento
Canção napolitana composta por
Ernesto De Curtis e Giambattista de Curtis em 1902


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Torna a Surriento
Canção napolitana composta por
Ernesto De Curtis e Giambattista de Curtis em 1902
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No piano: Miguel Angel Pereyra

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